style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Vinicius Ferreira/divulgação
Francine Boijink
Especial
Com a falta de chuvas consideráveis há mais de dois meses, período seguido apenas por precipitações menores, o município de Júlio de Castilhos decretou situação de emergência no início desta semana. Os reflexos da estiagem são perceptíveis na agricultura, passando pelo trato dos animais e já sendo sentidos no consumo humano. Cerca de 60 pessoas, residentes na área rural ou de transição entre cidade e campo, totalizando 18 famílias, estão em situação considerada crítica, sem acesso a água potável por meio de poços artesianos.
De acordo com a Secretária de Agricultura do município, Ana Paula Alf Lima Ferreira, nesse contexto, a prefeitura está atuando no abastecimento de água potável. Já no que se refere ao trato animal, o foco é voltado à ampliação e abertura de novos bebedouros. Mesmo com a intensificação de ações desse tipo em meados de julho, a falta de chuvas expressivas, não possibilitou o necessário acúmulo de água.
Em relação à agricultura, o milho e o leite são os mais afetados. O milho registra perdas de 25%, de acordo com o laudo técnico emitido pela Emater, no dia 6 de dezembro. No grão de safra normal, o prejuízo financeiro passa dos R$ 5 milhões, e, de silagem, é de quase R$ 350 mil reais. Danos esses considerados irrecuperáveis.Em relação à produção leiteira, o prejuízo financeiro é de quase R$ 10 milhões, o que representa uma perda de 30%.
Setor esse que, segundo Ana Paula, acaba sendo afetada duplamente. "Porque eles não têm água para produzir alimentação verde, ou seja, pastagem para esse animal se alimentar ,e também não têm água para o consumo desse animal", explica a Secretária, ao ressaltar que, assim, o pequeno produtor, que trabalha mais fortemente com a atividade rural no momento, precisa recorrer à suplementação.
"O que aumenta o custo de produção deles também. E, na hora de vender, como esse leite já não tem o mesmo volume de produção e o que produz tem um pouquinho mais de acidez, porque não tem essa questão do volumoso verde, acaba caindo a qualidade", menciona.
Ainda conforme observado, de acordo com a Secretária de Agricultura, em 15 dias, o preço para o pequeno produtor de leite, com até vinte vacas, reduziu de, aproximadamente, R$ 2,07 para cerca de R$ 1,89. Em compensação, o custo de produção aumentou, com o valor mais elevado na ração, ainda mais com projeção de falta de grãos e silagem.
Enquanto, por uma média, a chuva em novembro girava em torno de 140 mm, neste ano, a precipitação baixou para 38 mm, distribuída entre os dias. "É tentar ter o menor número possível de perdas. Tentar recuperar o irrecuperável, porque já foi gasto com sementes, insumos, mão de obra. Literalmente, recuperar o irrecuperável", finaliza.